Uma operação conjunta da Polícia Civil, denominada “Falso Profeta”, desarticulou um esquema criminoso liderado pelo pastor Ulisses Batista, que utilizava empresas de fachada para lavar dinheiro proveniente de extorsões a comerciantes em Cuiabá e Várzea Grande, Mato Grosso. A ação, deflagrada na última quinta-feira (20), revelou a complexidade e a abrangência da organização criminosa, que contava com a participação de diversos indivíduos e empresas para ocultar os valores ilícitos.
As investigações da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) revelaram que o esquema utilizava uma distribuidora de bebidas e uma drogaria como “laranjas” para movimentar o dinheiro da extorsão. A distribuidora de bebidas estava registrada em nome de um funcionário de supermercado, enquanto a drogaria figurava em nome de uma mulher, mãe de quatro filhos e beneficiária de auxílio do Governo Federal.
A polícia identificou transações financeiras suspeitas entre a drogaria e o pastor, incluindo um repasse de R$ 234 mil para a conta do líder religioso. Já a distribuidora de bebidas realizava transações para a facção, com um dos repasses no valor de R$ 102.128,00. Ambas as empresas possuíam capital social declarado de até R$ 800 mil, valores incompatíveis com a realidade financeira dos “laranjas”.
A equipe policial constatou que a drogaria não possuía estabelecimento físico no endereço registrado, o que reforça as suspeitas de uso irregular do CNPJ para atividades ilícitas.
O grupo criminoso extorquia comerciantes, obrigando-os a comprar galões de água exclusivamente da organização e a pagar uma taxa ilegal de R$ 1 por unidade vendida. Para monitorar as distribuidoras de água, os criminosos utilizavam um grupo de WhatsApp.
Inicialmente, a abordagem aos comerciantes era amigável, mas logo evoluiu para ameaças e extorsões, com membros da facção comparecendo pessoalmente aos estabelecimentos para impor as regras. A facção também operava um caminhão para distribuição de água e mantinha uma empresa de fachada para lavar o dinheiro obtido com a extorsão. Parte dos lucros era enviada para um membro da facção na cidade de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.
Simultaneamente à Operação “Falso Profeta”, o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) deflagrou a Operação “Aqua Ilícita”, com alvos distintos, mas relacionados ao mesmo grupo criminoso. A ação cumpriu 60 mandados de busca e apreensão, 12 mandados de prisão e sequestro de bens e valores em Cuiabá, Várzea Grande, Nobres e Sinop.
O grupo criminoso prejudicava comerciantes de água mineral e aumentava os preços para os consumidores, cobrando um alto preço em liberdade e controle econômico dos comerciantes.
O pastor Ulisses Batista, líder do esquema criminoso, encontra-se foragido no Rio de Janeiro. As autoridades seguem em busca do líder religioso para que ele responda pelos crimes de extorsão, lavagem de dinheiro e organização criminosa.